domingo, 29 de maio de 2011

Redes e Porcos

No mundo das vendas diz-se que não deve-se vender aos porcos. Ou seja, não devemos perder tempo com uma pessoa que não quer comprar e que não é capaz sequer de ouvir o que você quer dizer.
Os porcos quando insatisfeitos podem se tornar extremamente agressivos. O Javali, o primo selvagem do porco, demonstra essa ferocidade de modo extremo. O que isso tem a ver com redes sociais? Da mesma forma que encontramos porcos ao tentarmos vender produtos físicos, os encontraremos quando tentarmos falar sobre redes sociais. Muitos homens de negócios ficam presos aos modelos do século XX, enquanto o mundo inteiro se transforma à sua volta e eles não notam. Ao tentar desenvolver um arranjo comunitário, propomos em dado momento a criação de um jornal on-line e em rede. A idéia era captar a notícia das comunidades que seriam atendidas. A idéia foi imediatamente refutada pela criação de um jornal DE PAPEL (ao custo de dezenas de milhares de reais, indisponíveis diga-se de passagem). Entre outros delírios falou-se em uma tv “pirata” (uma ação de guerrilha, mas não de marketing) da criação de um canal de TV, de rádio comunitária, de imposição de conteúdo (a linha editorial já estava definida e a pauta também, precisa de reunião?)

A questão é que os líderes dos negócios do século passado querem o controle total do empreendimento. Mesmo que isso custe milhões! Dizer que controla a área tal e tal, que o setor é seu, a tecnologia é sua, são seus funcionários, sua empresa: Ei, vista a camisa da empresa, dê a sua vida pela empresa, trabalhe como escravo pelo crescimento desta empresa... Nunca antes eu havia sentido (não percebido ou entendido, isso já faz tempo que ocorreu) o quanto essas frases são egoísta, principalmente quando comparamos com os modelos de redes distribuídas. A sua empresa, ONG, Colégio, Faculdade ou seja lá o que for é parte da sociedade. Não parte da sociedade que é sua por aquisição mensal. Não dá pra comprar a sociedade. Não mais.
As mesmas ferramentas dos jornais em crise podem ser usadas por garotos de 17 anos para tornar sua comunidade conhecida em todo mundo, denunciar injustiça ou bagunçar a política mundial.

Desculpem, vocês perderam o poder.

Não há mais o Global para ser monopolizado. Estão sendo gerados mundos sociais diferentes e que interagem entre si. Não mais o controle total dos sistemas operacionais, nem da imprensa, nem da tv, nem da tecnologia, nem de nada! Há alternativas e se elas não existirem construiremos elas em rede, de maneira aberta, honesta e transparente.

Talvez algumas empresas passem por crises de identidade ( e financeiras como conseqüência) até perceberem que elas são parte da sociedade. Que elas são apenas um ponto de convergência de diversas pessoas de mundos diferente que podem colaborar de maneiras novas. Que, se a empresa fez o trabalho de casa da propaganda e do marketing, existem milhares de clientes loucos para ajudarem a criar produtos, divulgar suas experiências e consumir. Tudo isso é realimentado pela interação nas redes sociais.